domingo, 14 de setembro de 2014

PERMEIO



Seh M. Pereira
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Pneu de balanço,

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suspenso
em galho morto,


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espalha

pétalas pelo caminho...
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Arte de Patty Maher Photography.
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LOA



Seh M. Pereira
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A disposição do outono de dentro, folhas 
secas se oferecem à via respiratória.. Meus pés 
livres, fora do chão, como se eu tivesse morrido; o caminho
torna-se
mais estreito na cidade rasteira.. Arrastado

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pelas formigas; colho 
as pedras do apedrejo, e batizo-as

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cada qual 
com um nome de santo..
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Arte de Patty Maher Photography
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BOLEIA



Seh M. Pereira
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Sou um 
par
de 
velhos sapatos no 
meio caminho; dos passos

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deixados para trás aos 
que jazeram prematuros, não há

.
gastura
desprovida de analises.. Estendo o tempo pra quarar..

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Arte de Patty Maher Photography
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LOGRO



Seh M. Pereira
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Onde declive é mais rude, é o 
outono

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que poda

os bonsais; não eu..
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Arte de Patty Maher Photography
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TÚRGIDO 



Seh M. Pereira
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Folhas secas se oferecem 
à minha 
via respiratória, inteiramente à 

.
disposição
do outono..

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Arte de Patty Maher Photography
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FUSCO 




Seh M. Pereira
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Saio de si; de onde, há 
muito,

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habitava-me, e me olho.. É o peso da 
culpa que dá velocidade para lançar os dias pra
mais perto.. 
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Arte de Patty Maher Photography
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CROCITO



Seh M. Pereira
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Anuncio a velha 
nova
estação; outono

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que me habita.. Uma minúscula 
árvore
ata suas folhas em si..

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Arte de Patty Maher Photography
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SOLSTÍCIO 



Seh M. Pereira
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Tento encorajar as pétalas, ao invés 
de persuadi-las

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de que não se encaixam.. 

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Arte de Patty Maher Photography
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LAXO



Seh M. Pereira
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No abaixar das cabeças, numa leve 
inclinação,
girassóis

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anunciam o fim de tarde..

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Arte de Patty Maher Photography
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sábado, 13 de setembro de 2014

FUSTE



Seh M. Pereira

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E é no inverno que desperto a alma
da árvore 

que me habita; descalço

.
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as luvas, e

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podo 

meu bonsai..

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domingo, 7 de setembro de 2014

MUQUIFO


Seh M. Pereira

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Sou uma aldeia
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dentro, do

povoado, de minha própria aldeia..

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CADA_FALSO


Seh M. Pereira

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Da janela que me olham; vaga-lume

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suicida

agoniza o antepenúltimo delírio..

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Arte de Patty Maher Photography

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LASTRO



Seh M. Pereira

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Piso três vezes, primeiro,

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com o pé da
sorte, e
desencolho o outro; sou

uma linha

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curva que atravessa

duas estações que não se tocam..
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Arte de Patty Maher Photography


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ANTE_PARO



Seh M. Pereira

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No percurso do tempo, um gota
a gota

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que enferruja o eixo dos ponteiros..
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Arte de Patty Maher Photography

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ALCOFA

Seh M. Pereira

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E permaneço com os braços estendidos; sou

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.
o alicerce do céu

que desaba sob minha cabeça..
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Arte de Patty Maher Photography


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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

SUBJACENTE



Seh M. Pereira

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Sou um vento que entoava seu canto erudito, e foi 
interrompido.. Saio 

de si, e 

desamparo-me; desamparo 

que já me habitava, 

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um inverno de dentro.. Toco a 
ferida do corte, da 
flor diluída, 

com as pontas dos dedos; e rezo..

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Arte de Patty Maher Photography

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SUBALTERNO



Seh M. Pereira




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Abro meus próprios túmulos com os pés; nasço 

todo dia, 


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todo dia enterro 
meus mortos.. Dou início 


.
ao cortejo, na cidade

.
rasteira, 

sendo 


.
.
arrastado 

pelas formigas..


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arte de Patty Maher Photography



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SARRAF





Seh M. Pereira
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Descortino os olhos 
das lágrimas que
os cobriam; 
 


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e uma velha
nova

estação ressurge.. Cada mão,
um alvo; cada

alvo, um
apedrejo; cada
apedrejo, 



.
.
um santo..

.
.
Cada flor, um
despetalamento; cada
pétala, uma
interrogação; cada
ponto, um reza..
 


.
.
E uma nova
velha
estação, lentamente,
esvai-se; 
 


.
.
seguro as imagens
na retina

para que não fujam..

Ajoelho-me onde
os galhos
jazem, 


e rezo.. 

.
.
Ouço as vozes do
vento
erguidas num canto erudito; flores
pegajosas de sangue
expõem a
ferida do corte..
 


.
.
Galhos se
desprendem
das árvores

despidos de força..
 


.
.
Afundo os pés
nas folhas secas que
atapetam o chão,

e sufoco-os 



.

.
até a morte.. 
.

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ELEGIA


Seh M. Pereira

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Posso fazer 
passar as estações

mas 

não 


.
a quinta.. Tomo um giro 
do ponteiro, e aperto o 
passo; perco um 

dos sapatos, 

.
e volto.. Nas curvas 
do tempo, não tapo mais 
o sol com as mãos..


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ALCOVA





Seh M. Pereira
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E palmo a 
palmo; apago 
os riscos traçados 
com as pontas 
dos pés, e 

ilimito 


.
.
meu chão; a beleza do girassol  


.
não está no girassol.. 

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Arte de Patty Maher Photography
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ARREIO
Seh M. Pereira

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.. e com mãos de espanador, retiro o véu 
que encobre o anteontem; 
peço desculpas 


.
ao inesperado 

dia 

primaveril
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BALOUÇO



Seh M. Pereira

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Na linha 
curva que passa
por 
duas estações que não se 


.
tocam; o 
ponteiro gira; 


.
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gira; 

gira, e tento 
não tomar 

outra volta..

um tempo que não difere 
vaga-lumes, e abajur 
remendado; e me 
impede de acreditar 
no que não foi provado.. 


Pedras se movem 

.
por impulso 

próprio, e 
desenham 
a imagem de
 

.
.
uma estátua; saio 
de si, e 

olho-me.. 


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DIALETO




Seh M. Pereira


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E entrego-me a 
idolatria 
dos corpos; soletrada 


.
.
noite 
de amor 
lento, e 

dicção exagerada..

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DES_PETALADO



Seh M. Pereira


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E outros tombos 
hão 
de vir; cultivo 

amores, 


.
.
e não 
jazidos..


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